Corria o ano de 1975, já a primavera ia avançada, e com a chegada dos dias quentes em que o sol nos deixava mais alguns minutos de bela-luz, as brincadeiras no recreio da escola eram animadas.
A bola era e será sempre a brincadeira preferida de todos.
A senhora professora tinha-se tornado, com o avanço do tempo escolar, um pouco rude para com miúdos de tenra idade, que na pequenez da idade gostavam de brincadeira.
Ainda apanhei o tempo em que uma régua de pau, era usada em mãos pequenas e desnudadas de maldade. E os truques que nós tínhamos para que aquela coisa pouco magoasse, mas que na realidade o efeito era nenhum.
Desde untar a mão com azeite até lambuza-la com saliva.
No canto da sala, também tinha uma cana-da-índia, que impunha a sua autoridade, desnecessária para tão pequenos "malvados", e que nos ouvidos zumbia, quando na cabeça batia.
Uma das medidas que o estado novo decretou, era que as crianças da escola primária, deveriam todas ter direito a uma refeição na escola. Para nós seria o lanche.
Essa refeição era composta por leite. Só isso!
No intervalo, em fila indiana, todos nós tínhamos direito a uma embalagem de plástico com 1/4 de litro de leite UCAL.
Eram essas as embalagens de leite usadas na altura, e que nós rasgando a ponta punha-mos na boca e pimba, para dentro. Rápido e eficaz.
Hoje acredito que naquela altura, para muitos miúdos era a única refeição que tinham tido depois do pequeno-almoço.
Infelizmente havia muita pobreza e os apoios que se tinham eram poucos.
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