abril 29, 2008

De volta a escola

Para o novo ano escolar, a tarefa era mais difícil e exigente. Novos colegas, novos professores, e novos hábitos de miúdos graúdos.
Na minha turma estavam colocados 2 alunos que tinham vindo de outra escola, e que para eles tudo era novo.
Não me recordo dos seus nomes, mas ainda relembro os receios e medos de quem caiu num mundo completamente diferente do que estavam habituados.
Tinham vindo do norte, e além de não conhecerem o Cacém, também não conheciam ninguém dos novos vizinhos.
A sua integração foi fácil e com a ajuda de todos conseguiram adaptar-se bem.
Eram irmão gémeos, um ele e uma ela.
Por sinal ela era bem engraçada e deixou logo algumas bocas abertas de baba caída pelos cantos. AHAHAH
Na minha mente ainda me lembrava a nova amiga de Góis, a Rosa.
Por alturas do S.Martinho, nós fomos numa excursão, há terra dos meus pais.
Tinha esperança de encontra a Rosa lá em Góis, nas festas da vila.
Não tive sorte nenhuma.

abril 17, 2008

Paixoneta de Verão


Naquele verão de 83, fiquei a conhecer melhor uma rapariga lá de Góis. Eu já a conhecia do ano anterior.

Nessas férias voltei a encontra-la e um dia estava-mos todos a tomar banho no rio, e a malta começou a meter-se comigo para eu falar com ela e convida-la para uma festa que iria acontecer no fim semana seguinte. Eram as festas da Vila de Góis.

Perdi a vergonha e peito cheio de coragem estendi a toalha ao lado dela e posemo-nos à conversa. Foi rápida a tarde para tanta conversa divertida e cheia de curiosidades.


Fiquei a saber que estudava em Arganil, que andava em Ciências, que não tinha namorado e que me achava divertido e simpático. LOL

Fiquei apaixonado desde aquele momento, por ela. O meu coração batia forte e sentia vontade de saltar e pular de alegria.


Dia após dia as conversas entre nós eram sempre interessantes e gostavamos de estar um com o outro. Os meus amigos lá da terra dos meus pais achavam-me um maluco por ter conseguido ser amigo dela, mas lá no fundo achei-os todos com grande inveja minha. AHAHA


O fim-de-semana chegou e ela tendo aceite o meu convite, fui busca-la a porta de casa que era lá na vila e fomos juntos para a festa.

Alem de dançar-mos juntos, falamos muito e trocamos moradas para mais tarde lembrar. Naquela altura não havia telemóveis ou internet para troca de emails.


Para pena nossa as férias acabaram e a despedida foi sentida com profunda tristeza. Adorava que aquele verão não tivesse acabado.

O beijo que lhe dei, na cara, da ultima vez que nesse verão a vi, ficaram recordados na minha memória por longo tempo.


Desejei rapidamente voltar a Gois para a rever. Agora só no proximo verão.

Torneio de Verão

Acabada a escola, desta vez com bom aproveitamento, fiquei feliz por voltar a ter 3 meses de descanso e brincadeiras infinitas.

A malta lá da rua tinha planeado durante algum tempo realizar um torneio de futebol entre as várias ruas da zona.

O campo lá do descampado, estava pronto para receber os pontapés no esférico e gritarias de alegria e paixão pelo desporto rei.

A minha equipa era constituída por 7 elementos.
Os jogos eram de 5 contra 5 e o tempo era de 30 Minutos para cada lado.

Entre as 8 equipas e durante 2 semanas os jogos foram sendo realizados, para alegria de uns e desespero de outros.

Algumas entradas violentas, jogadas corridas, golos fantásticos e muito suor, com corpos desnudados de camisolas e água fresca a jorrar pelas gargantas abaixo fez daquele torneio um dos melhores que foram disputados pela malta.

A minha equipa ficou em 4º. Haverá mais na próxima, e ai iremos desforrar-nos.

Os prémios de jogo, foram um pic-nic que a malta fez no último dia do torneio no molha pão. Os nossos pais foram fantásticos ao prepararem o farnel.

Todos ganhamos, apesar de só uma equipa ter ficado em primeiro. Os putos do Bairro Azul.

abril 15, 2008

Roma-Benfica 1982/1983

Em finais do ano lectivo de 1983, e tendo-me corrido bem o ano, pois passei com 2 negativas, Francês e Matemática, a malta já andava toda a combinar coisas para as férias.

O fim do ano escolar, foi altura de por em prática um projecto que o conselho directivo tinha idealizado. Fazer uma festa desportiva, em que os alunos iriam praticar vários desportos durante um dia.

O dia escolhido foi a uma quarta-feira.
Nesse dia, para azar de todos, acontecia um jogo de futebol fantástico e que iria ficar marcado para toda a vida na memória dos jovens miúdos que naquele fim de tarde no café via televisão, viram o embate entre o meu Glorioso Benfica e o Roma.

Os jogos desportivos escolares não poderiam impedir de ver-mos esse jogo, por isso metade da turma aproveitava os intervalos das provas para ir a correr ao café dar uma olhada na TV. Eu estive escalonado para fazer as 12 horas a correr, por isso engatei um dos meus colegas, a troco de uma pastilha, para ele fazer o meu turno da corrida.

Resultado Final: Roma-Benfica, 1-2
Lembro-me que a comunicação social deu destaque aos jogadores que, de um lado e do outro, tinham a batuta da equipa.

A Roma na altura estava na mó de cima, era uma grande equipa, composta por grandes internacionais, no meio-campo tinham o Falcão e Bruno Conti, que eram as estrelas da companhia.
"Nós" Tínhamos o Filipovic e o Alves, e ainda contávamos com esse grande treinador que era o Sr. Eriksson.

O Jogo foi fantástico, quase um jogo perfeito. O Benfica foi superior.
Pela imponência do Estádio Olímpico, pela quantidade de jogadores de grande nomeada, foi um jogo inolvidável.

p.s. Na corrida da escola, a minha turma ficou nos ultimos lugares :-)

abril 11, 2008

Uma Briga das antiga

Numa das visitas de estudo que a professora de Ciências fez, foi ao Jardim Zoológico. http://www.zoolisboa.pt/main.aspx

Claro que conseguir controlar 30 alunos num sítio daqueles era deficil, mas da escola foram 2 autocarros cheiros, éramos para ai uns 120 alunos.
O dia foi bem divertido, e acho que a atenção sobre o que os professores, que fizeram essa visita, diziam foi quase nula.
A malta era irrequieta e só queria andar de um lado para o outro e os rapazes metiam medo as miúdas, dizendo-lhes que as mandava-mos para a jaula dos leões.

Apesar de tudo, correu bem e para "agrado" de todos, tínhamos que fazer um trabalho para apresentar a professora sobre o Zoo.

Bonito, eu quase nada tinha fixado do que eles disseram. Com a ajuda da minha mãe e com alguma memória lá me desenrrasquei.

Aquela visita ao Zoo, tinha provocado uma situação de tensão entre alguns rapazes da minha turma, eu incluído, e uns outros de uma outra.

Houve um rapaz da outra turma que passou uma rasteira a uma das "nossas" miúdas e ela magoou-se.
Os professores nada viram e apesar dos protestos dela, não lhe aconteceu nada.
A perna dela ficou bem marcada.

A malta decidiu, aplicar uma "solha" ao puto, e num dos intervalos, dias depois do acontecido, apanhamos o "parolo" à saída da cantina e levamo-lo para traz do Ginásio.

A minha colega deu-lhe um estalo, e depois todos nós, os outros, obrigamos o miúdo a passar pelo "corredor da morte" e ai levou com cada "calduço" que até as orelhas ficaram arrebitadas.

Dois dias depois, houve uma batalha campal nas traseiras das oficinas, entre rapazes das 2 turmas.
Foi tareia a torto e a direito. Eu ainda fiquei com algumas nódoas negras, mas felizmente ninguém se magoou a sério.
O conselho Directivo da escola nunca soube nada sobre isto.

Uma coisa foi feita. Justiça! A minha colega foi vingada.

abril 07, 2008

Cantinho do Amor

Os espaços exteriores eram aproveitados pelos alunos para variadas actividades.

Os 2 campos desportivos estavam sempre ocupados com jogatanas, e os 2 campos de basquetebol também.
O bar era frequentado para comer e também para ir namorando as miúdas.

Os mais velhos escolhiam um local que havia atrás das oficinas, junto ao muro da escola, onde a existência de árvores fazia com que o local fosse escondido e discreto.

AhAhAh é claro que toda a malta sabia desse chamado "Cantinho do Amor".

Uma das actividades favoritas dos putos mais novos, como eu, era ir vigiar esses casalinhos e mandar-lhes coisas para os assustar. Coisas de miúdos que não tinham nada para fazer.

Os contínuos da escola sabendo dessa situação, tentavam sempre arranjar forma de isso não acontecer, limpando a zona, desbastando as arvores e fazendo rondas pelo local.

Mas quando esse sítio era muito visitado por alheios, a malta ia para outro nas traseiras dos pavilhões junto a passagem de nível.
Havia sempre solução para os ninhos do amorrrr.

Orgânica da Escola

Eu adorava a escola, e todas as alterações que teve na minha vida.
Senti que estava mais crescido e com mais solicitações a vários níveis.

Na minha turma, éramos 30, alguns repetentes, com feitios e maneiras de ser diferentes uns dos outros.
Tínhamos 5 raparigas, as áreas mais mecânicas eram pouco atractivas para as miúdas.
As aulas técnicas (electricidade, mecânica) eram realizadas nas oficinas, as gerais (português, francês, inglês, matemática, biologia, química) no edifício principal, e as outras nuns pavilhões que existiam nas traseiras e no edifício antigo, que era a escola original.

Tirando o edifício principal, que tinha algumas condições de leccionar as aulas e as oficinas, os pavilhões e a escola antiga eram muito degradantes e sem condições. Não entendíamos como era possível aprender o que quer que fosse em locais onde ratos, frio, material partido e outros, eram uma realidade nada abonatória para uma escola.
Nem para outro lugar.

Os tempos eram difíceis, o ministério tinha poucos recursos e os docentes pouco poder tinham ainda. Não havia manifestações como hoje em dia.

Eu lembro-me de não haver material nas oficinas para fazer os trabalhos, e termos nós que pedir aos pais para o comprar.

A minha 1ª experiencia num trabalho de electricidade, foi realizar uma corrente continua numa placa de madeira, em que o esquema fazia acender uma luz no topo do trabalho.

As aulas de ginástica eram quase todas no exterior, pois o pavilhão desportivo existente era pequeno, só cabendo um campo de voleibol no seu interior.
O pavilhão só servia para mudar de roupa e tomar banho depois das aulas. Mesmo os balneários eram pequenos e pouco confortáveis.

A cantina e o bar era ainda o que mais se aceitava. Aliás o bar era relativamente novo, tinha sofrido obras no ano anterior.

Para poder almoçar na cantina tinha que se comprar a senha no dia anterior.

abril 04, 2008

Nova realidade escolar

Eram atarefados os dias anteriores ao começo de um novo ano escolar, pois a corrida as listas dos livros a comprar, colocação das turmas e horários das aulas.
Alguns dos livros que já tenho do ano anterior, vão-se manter, mas outros terão que ser adequiridos.
Este investimento é enorme para os pais, alem do material escolar.

A escola onde eu me inscrevi para o 7º ano, é na Escola Industrial e Comercial Ferreira Dias.
A maior de Sintra e aquela onde mais alunos estudavam.
Era outra realidade, completamente diferente da que estava habituado.
Na realidade eram 2 escolas num conjunto de edificios, a Ferreira Dias onde eu estava e a Gama Barros.
Na altura a malta dizia que a Ferreira era dos rapazes, pois eram as areas mais técnicas, electicidade, mecanica, desporto, e a Gama a das meninas, onde as areas eram a de linguas, saude, fisico-quimica, comercial.

O universo de 2 mil alunos, fazia da escola um mar de alunos, que nos intervalos deixavam um puto acabado de chegar ao estabelecimento, maluco.

Aqui não poderia armar-me em esperto, pois havia alunos muito mais velhos que eu, e ainda por cima não conhecia ninguem.
Na minha turma, eramos 3 alunos que viemos da António Sergio, mas de turmas diferentes.
Sendo uma escola Industrial, as aulas técnicas eram bastante diferentes e mais práticas.

Desejei que o ano fosse bastante diferente do anterior

Atravessar um "Deserto"

As férias desse ano foram passadas com um grande sentimento de frustração, desmotivação e fúria por mim próprio.

Senti uma sensação terrível por ter dado aos meus pais uma vontade enorme de me puxar a roupa ao pêlo.

Chumbar o ano daquela maneira que eu o fiz, é daquelas coisas que quando se é miúdo não se pensa muito e dá-se pouca importância mas que mais tarde recordamos essa aselhice e só nos apetece dar murros numa porta.

Nos dias que passei em Góis, não me foram permitidas muitas brincadeiras.
Levei uma carrada de livros para estudar, para no próximo ano escolar não voltar a acontecer o mesmo.

Bem sei que não foi só a falta de estudos, as companhias e devaneios escolares também contribuíram para o desastre.

Sentia vergonha, quando as pessoas me perguntavam como tinha corrido a escola, e eu tinha que lhes dizer que não tinha passado.

Acho que esses sentimentos e memórias são para toda a vida.

O próximo ano vou para outra escola. A que andava iria acabar com o 7º ano, ficando só com o 5º e 6º anos.

abril 02, 2008

Perda do Ano escolar

As aulas corriam a um ritmo elevado, e para miúdos armados em graúdos em que a atenção era menor derivado de vários factores, as matérias iam sendo cada vez menos interessantes e chatas.

Nunca mais chegava a hora do intervalo, para se poder andar em grandes correrias e brincadeiras infindáveis, para galantear as miúdas, e para ir a banho em tempo quente a ribeira de Meleças.
A sombra das árvores acolhia debaixo dela, miúdos cansados de tanta bola, de jogos do apanha e do arrebenta.

As idas ao supermercado, proporcionava ávida vontade de cerveja e batatas fritas. Trazíamos amendoins e Bom-Bocas, que boas eram elas recheadas de morango.

É claro que todos estes devaneios não iriam dar bons resultados no final do ano escolar, mas a malta pouco se importava. Coisas de miúdos.

Nesse ano considero que foi uma grande lição de vida para mim.

E eu que até frequentava a catequese e ia ao Domingo a missa, não tinha ainda adquirido os princípios de saber, estar e respeitar.

Sim, o respeito que não tive pelos meus pais, que com sacrifício puseram o filho a estudar e ele andou nesse ano a passear a mochila com livros lá dentro que mal viam a luz do dia se não quando eram abertos nas aulas.

No final do ano, reprovei com 5 negativas.